A ACADEMIA E OS NEGÓCIOS: A importância da relação entre universidades e empresa para gerar inovação.

Olá, sou a Dani Bofo, aqui da Plan&Ação, e me sinto super feliz em poder compartilhar por este artigo parte do que sinto e defendo no meu dia a dia.

No mês de junho deste ano, a Revista FAPESP sinalizou que sucessivos cortes no orçamento fragilizam a capacidade de financiamento à pesquisa no Brasil. Entretanto, mesmo com cortes que vêm havendo para a pesquisa nos últimos anos, os pesquisadores brasileiros têm conseguido manter um ritmo de produção científica relativamente alta. Segundo dados do SCImago Journal Et Country Rank, os cientistas do Brasil publicaram 80,4 mil artigos científicos em 2019, ante 78 mil no ano anterior, o que coloca o país na 15ª posição entre os países com maior produção cientifica. Também cresceu o número de brasileiros entre os pesquisadores mais citados do mundo em 2020. Isto é sinal de Pesquisa e Desenvolvimento de Ponta nas Universidades Brasileiras, com certeza!

Uma frase bastante questionada há um tempo atrás, dita pelo professor Silvio Meira do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Escola de Direito do Rio da FGV, foi de que “não é exagero afirmar que o Brasil está formando mestres e doutores para o desemprego”. Pois bem, com o cenário da pandemia que estamos vivendo junto ao crescente número de mestres e doutores sendo formados anualmente, e a uma taxa de incorporação destes profissionais sejam em universidades, consultorias ou indústria de tecnologia, há um desemprego gigante neste extrato de profissionais.

Os números demonstram isso friamente: enquanto no mundo a taxa de desocupação desse grupo gira em torno de 2%, por aqui, a média é de 25%. Os mestres estão em situação ainda pior: 35% fora do mercado de trabalho (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

Dados do último Censo realizado pelo CNPQ (2016) apontam para um crescimento e consolidação dos grupos de pesquisa do país, cujo número aumentou 149% entre 2002 e 2016. No mesmo período, o número de doutores nesses grupos aumentou 278% e o de pesquisadores 251%.

Num país que temos grandes pesquisadores, grupos de pesquisa bastante consolidados e patentes sendo geradas a todo momento, além de mestres, doutores e pós-doutores formando estes times, me pergunto:  Por que temos um índice de desemprego tão grande para um grande grupo de pessoas com tão boa qualificação? Por que existe, atualmente, um decréscimo de investimento financeiro em Pesquisa e Desenvolvimento nas empresas? Estamos no caminho correto para a inovação?

Dias atrás, um grande amigo meu me contou uma história indignado, mas que vale pena refletir. Ele é diretor comercial de uma grande multinacional no país. Ao chegar em uma determinada planta produtiva, deparou-se com um programa de onboarding e viu que existiam quatro profissionais sendo integradas, três com formação de mestrado e uma doutora. A sua indignação não estava na formação e postura das profissionais que estavam sendo contratadas, pelo contrário, adorou. Disse que tinham muita motivação, comunicação clara e postura muito bacana. Entretanto a sua preocupação era o salário inicial sendo oferecido: um valor muito baixo pelo perfil de contratação, mas mesmo assim, elas estavam se sujeitando a isso. E ainda, mais preocupante, não existia nenhum plano de carreira capaz de manter esses “cérebros” motivados e envolvidos nos processos da empresa por muito tempo, o que é uma pena.

O que devemos fazer para que ocorra a aproximação de empresas com o mundo acadêmico? Penso em algumas ações, mas você, leitor, poderia também me ajudar nessa empreitada se for de seu interesse.

Primeiro, deve haver um diagnóstico claro das dores das empresas. Estas por sua vez poderão ser solucionadas pelos projetos de pesquisa nas diferentes extensões da universidade como em iniciações científicas, mestrados, doutorados, pós-doutorados. Como não conseguimos pesquisas de ponta sem investimentos, precisa-se haver não somente apoio governamental, mas também da iniciativa privada. Sabiam que existem leis de incentivo fiscal para isso? Fica a dica.

E como uma ação de extrema importância, mas não a última a ser executada e sim a primeira delas, a formação de pesquisadores que devem ser gestores e práticos que possam ser incorporados pelo mercado de forma mais digna. O desafio é árduo, pois de acordo com a revista FAPESP de junho de 2021, o Brasil possui a pior nota em inovação em dez anos e perde destaque entre emergentes.

Há inúmeras oportunidades que podem ser desenvolvidas através da parceria entre empresas e pesquisadores. Incorporar o conhecimento acadêmico nas organizações é uma forma de produzir soluções inovadoras, que trarão resultados e valores concretos ao mercado, partindo de profissionais com ideias brilhantes que precisam ser valorizados. São dois lados que juntos podem gerar inovação e benefícios a ambos.

Na próxima parte deste artigo, vou falar um pouco da minha história e da inovação acadêmica para dentro das empresas, e te convido para ler também. Até já!  😁